Filhos sob o olhar do PAI

Lirvo aborda desafios da criação dos filhos na visão dos pais

Do Site da Revista Crescer

Menos açúcar, mais vida real e uma pitada generosa de bom humor. É assim que o professor australiano Peter Downey escreve sobre paternidade em um guia divertido, informativo e nada didático. Pai de três jovens meninas, ele aconselha e conforta os futuros pais (e mães) aflitos em meio a um dos momentos mais especiais e difíceis de suas vidas

Fernanda Carpegiani. Ilustrações Bruna Assis Brasil

 

Sabe aquela visão encantadora e maravilhosa de como é ter filhos? Aquele sentimento mágico que nasce com cada pai e cada mãe? Aquela doçura de ter um bebê lindinho e fofinho em casa? Pois bem, esqueça tudo isso e prepare-se para um banho de realidade – e muitas boas risadas. No livro Então Você Vai Ser Papai (Ed. Fundamento), publicado originalmente em 2006 na Austrália, reeditado em 2011 e recém-lançado no Brasil, o professor australiano Peter Downey fala de maneira franca e aberta com os futuros pais. Sua visão objetiva e bem-humorada permeia os conselhos sobre os desafios e dificuldades desse longo e muitas vezes tortuoso caminho, que começa na gravidez, passa pelo parto e quando o bebê vai para casa ainda está só começando.

Com uma linguagem engraçada sem deixar de ser informativa, ele responde a muitas dúvidas dos novos pais, inclusive aquelas que só um pai experiente poderia sanar. Um pai como Peter, que já criou três meninas: Matilda 17 anos, Georgia, 19, e Rachael, 21. Além do guia de cada etapa, que inclui um capítulo chamado “Como sobreviver ao hospital”, o livro conta também com um glossário com termos como “cólica: Problema que faz os bebês chorarem, gritarem e berrarem e o deixa maluco tentando resolver”. Mas não pense que tudo é brincadeira e tiração de sarro. Mesmo o mais despretensioso dos pais tem os seus momentos sérios e até babões, e você vai topar com muitos desses em sua leitura (leia trechos do livro nesta reportagem). Em entrevista à Revista CRESCER, Peter Downey não deixou de fazer algumas piadas, mas também falou da importância de ser pai, de como essa noção mudou ao longo dos anos e de como uma conversa mais direta pode ajudar os novos pais. E mães também, por que não?

“O enjoo da gravidez acontece quando tem de acontecer e você não tem como evitar. Entretanto, você pode ajudar a não tornar as coisas piores do que já são. Leve um chá para ela, na cama, pela manhã. Se resolver cozinhar, evite fazer comidas muito gordurosas ou condimentadas, com ervas aromáticas ou fortes. E, principalmente, se ela estiver parecendo verde, não fique no caminho do banheiro.”

Seu livro é principalmente para pais de primeira viagem, que não sabem nada sobre paternidade. Você acredita que o pai de hoje está mais ciente de seu papel na vida das crianças?

Peter Downey: Hoje se espera que os pais participem mais da vida dos filhos do que antes. Isso não quer dizer que não houve ótimos pais nas gerações passadas. Longe disso! Mas há uma ênfase maior na divisão de papéis. As maiores expectativas são com relação ao papel do pai durante o parto. Dê uma olhada nos filmes antigos, que mostravam o pai esperando fora da sala de parto do hospital, nervoso, junto com os outros pais, até ser apresentado ao seu recém-nascido. Aquele cara não precisava saber nada sobre o parto. Agora, é claro, é esperado que o homem esteja ao lado da sua parceira durante o parto. E isso significa ler sobre o assunto e talvez fazer um curso preparatório, para ser útil de alguma maneira e não ser pego de surpresa. Existe muito mais informação disponível para o pai, em livros, cursos, comunidades online, blogs, sites, exposições.

Acompanhei Meredith em várias consultas e exames. Isso foi realmente uma boa ideia, porque pude conhecer o médico e perguntar várias coisas que ficavam passando pela minha mente. Foi também uma ótima oportunidade de compartilhar a experiência da gravidez e me preparar para o que vinha pela frente”.

Quais mudanças você observou na paternidade desde a primeira vez que se tornou pai?

P.D.: Como eu disse, houve um aumento gigante em torno da expectativa de que os pais estejam envolvidos na vida de seus filhos, o que causou uma enorme pressão, já que o ambiente de trabalho muitas vezes não pode ou não quer se adaptar às necessidades do pai. Existe uma tensão entre essas duas coisas. A tecnologia também mudou bastante. Antes, tudo o que você precisava para ter um bebê era um berço e uma cadeirinha de carro. Agora, existe uma série de equipamentos que você supostamente precisa ter para ser um bom pai.

Com certeza, os filhos reduzirão sua renda disponível durante boa parte da vida deles, mas, e daí? Vale a pena. No que mais você gastaria seu dinheiro? Aeromodelismo? Roupas da moda? Um carro conversível? Cerveja? (não responda). Os filhos são uma aplicação boa e válida do seu dinheiro”.