Como lidar com as mentiras

Fonte: Educar para Crescer

Desde bem pequenas as crianças mentem. Algumas vezes as mentiras – especialmente aquelas contadas pelos bem pequenos – podem ser associadas a uma fantasia ou a um desejo. É o caso das crianças que dizem, por exemplo, que viajaram para um lugar onde nunca estiveram. Outras vezes são usadas para evitar punições, como quando negam ter feito alguma coisa errada.

O primeiro passo para lidar com as mentiras que os filhos contam é procurar estabelecer um diálogo e entender a sua motivação. “Quando os filhos mentem, os pais precisam primeiramente verificar as causas que levaram a este comportamento. Só depois é que eles devem definir com seus filhos as consequências que irão ocorrer em casos de mentiras e que deverão valer para toda a família”, afirma a psicóloga e psicopedagoga Suely Robusti, diretora da Escola NANE.

É muito importante também dar o bom exemplo. Afinal, as crianças aprendem a mentir por imitação. Se elas veem que os pais têm dificuldade em admitir quando cometem um erro ou se são ordenadas a mentir em alguma situação (como quando um adulto pede para que ela diga que ele não está em casa ao receber um telefonema), a tendência é tomar esse comportamento como um modelo e repeti-lo.

Veja aqui as dicas dos especialistas para lidar com as mentiras que as crianças contam.

dia da mentira

1- Por que as crianças mentem?

As motivações para uma criança contar mentiras são diversas. Segundo Valéria Valenza, coordenadora pedagógica do Colégio Palmares (SP), os casos mais comuns são aqueles em que as crianças mentem por medo de alguma punição. “A criança tem muitas vezes desejos que estão fora do que está estabelecido pela escola, pelos pais ou por uma instituição em que ela está inserida. Para realizar seu desejo, ela tenta burlar essas regras e acaba mentindo para evitar as consequências”, diz ela.

Outra razão que podem levar às mentiras é para saciar algum tipo de desejo. “Em especial as crianças menores podem mentir criando uma fantasia sobre algo que vai de encontro a algum desejo seu”, afirma Valéria. É o caso das crianças que dizem que fizeram uma viagem para um determinado lugar em que nunca estiveram ou que dizem ter determinado brinquedo apenas porque seus amigos também têm.

Há fantasias, porém, que não devem ser confundidas com mentira. “Quando são novinhas, é normal as crianças falarem de coisas que não existem e que não correspondem à realidade. É o caso dela dizer que viu o Papai Noel. Na verdade é a expressão do seu desejo e da sua fantasia de encontrá-lo”, diz a coordenadora.

2- Como aprendem a mentir?

Toda criança tem em seus pais o modelo principal. Se esses adultos têm o hábito de mentir, os filhos tendem a imitá-los. Por isso, é interessante que os pais façam uma autoavaliação. Avalie como você se comporta quando é confrontado com algum erro cometido: você admite sua parcela de culpa ou sempre responsabiliza outra pessoa ou um fator externo? Além disso, costuma contar as chamadas “mentiras sociais”? Pede para dizerem que você não está em casa para não atender uma chamada telefônica indesejada? Mente dizendo que determinada pessoa está linda mesmo quando na verdade acha que ela não está?

O seu comportamento nessas situações está sendo assistido pelas crianças e será tomado como um modelo por elas. Outro exemplo muito comum é quando os pais ligam para o trabalho para dizer que estão doentes – quando não estão – e justificar uma falta. A mentira dentro de casa pode ter várias formas e passa para a criança a mensagem que mentir é possível. Afinal, se seus pais o fazem, ela poderá fazer também.

3- Como agir quando seu filho mente? Castigo resolve?

Em primeiro lugar os pais devem conversar sempre com os filhos e entender de onde veio essa mentira. Segundo Valéria Valenza, coordenadora pedagógica do Colégio Palmares (SP), punir sem procurar compreender a origem da mentira só vai incentivá-la a mentir ainda mais por medo de um castigo. “A mentira tem de ser trabalhada por meio de conversas. Deve haver um processo de conscientização muito claro com a criança para ela entender porque não deve mentir e porque não deve repetir o comportamento que a levou a mentir”, afirma Valéria.

Se ela mentiu dizendo que não foi ela que quebrou um vaso ou que desenhou na parede, os pais têm dois trabalhos: o primeiro de explicar que não se deve mentir e que precisamos assumir nossos erros e outro de mostrar que se deve ter mais responsabilidade com as coisas. Os pais devem deixar claro que mentir não é uma forma de resolver ou eliminar os problemas.

Terminada a fase do diálogo, os pais podem fazer um “combinado” com o filho sobre quais serão as consequências para quem mentir novamente em casa. E as regras deverão valer, é claro, para toda a família.

DICA DE LEITURA: Mentira varia conforme a idade da criança