Adaptação escolar: Tirar da bolha é difícil

Estamos passando por um dos momentos mais temidos pelos pais, sejam eles de primeira viagem ou mesmo de várias viagens, a adaptação das crianças ao ambiente escolar.

Realmente não é nada fácil “estourarmos” a bolha protetora na qual colocamos nossos filhos. É uma ambivalência difícil de lidar, pois, se por um lado, empenhamos nossos maiores e melhores esforços para que eles sejam independentes, autônomos e felizes, por que então sofremos quando estamos conseguindo tal proeza? Afinal, este não era o nosso objetivo? Conforme BALABAN (1988,p.25), a separação é uma experiência que ocorre em todas as fases da vida humana. Portanto, neste momento é a hora da criança amadurecer a independência e autonomia, desvinculando-se um pouco da mãe, o que ocasiona desconforto de ambas as partes (da criança pelo sentimento da perda, separação da mãe, e dos pais pela impressão de total independência do filho (a)). Nesse momento é de extrema importância que os pais demonstrem confiança, paciência e perseverança.

É preciso estar sereno para suportar o choro do filho, para vê-lo se desprender do seu colo e, acima de tudo, não se sentir culpado pela decisão. A cada fase da vida precisamos nos separar e nos diferenciar dos sentimentos de nossos filhos para irmos, aos poucos, cortando o famoso cordão umbilical. E o que devemos ter sempre em mente é que cada um tem um tempo único e uma forma singular de se adaptar às novidades e que a cada nova fase perdas e ganhos acontecem. Idas e vindas, também, fazem parte do processo. Com a adaptação escolar não tem como ser diferente.

Outro dado bastante relevante a ser ressaltado é que as nossas histórias e memórias afetivas também estão sendo mobilizadas e, de certa forma, (re) vividas. Contudo, lembramos que caso nossas experiências não tenham sido positivas, as dos nossos filhos, necessariamente, não precisam ser iguais. Ou seja, a adaptação é para todos: pais, que revivem ali sua experiência escolar, crianças, que precisam se sentir seguras para criar vínculos e o próprio educador em relação àquelas novas famílias que está recebendo e conhecendo.

Cada caso é um caso, mas no final tudo se resolve no tempo certo. Bem-vindos à vida escolar! Tenho certeza que o processo será lindo de ver.

Texto por Roberta Amêndola.