Bebês leitores

A importância da leitura na primeira infância

Texto: Claudia Lins – Fotos: Mikhael Moura – Comunicação Educar

 100_0401

Para eles a descoberta do prazer de ler começa como uma encantadora brincadeira, muito antes que possamos nomeá-los leitores. Este encontro dos bebês com a leitura se dá no exato instante em que abrem um livro, tendo a possibilidade de tocá-lo, admirar o colorido de suas imagens, suas texturas e formas.

A leitura na primeira infância é de fundamental importância para desenvolver o comportamento leitor, uma experiência marcante na vida de nossas crianças. Um caminho que podemos construir juntos: escola e família.

news de 2As fotos que ilustram essa reportagem foram tiradas durante momento de lazer dos alunos do Maternal I E, turma da manhã, professoras Valdice e Lidjane, na quinta-feira, Dia de Brincar de Ler.

Leia também trechos da reportagem: Fraldas e Livros, publicada pela Revista Nova Escola!

Quando a escritora de livros infantis Tatiana Belinky perguntou ao pediatra, nos idos de 1940, em que momento deveria começar a educar seu filho, então com três meses de vida, ouviu como resposta: “Você já está atrasada”. Parece mera frase de efeito. O fato, porém, é que o doutor estava coberto de razão. Não há idade para dar início à educação de uma criança — e isso vale também para o incentivo à leitura. Bebês podem até não entender todo o enredo de uma história, mas a leitura em voz alta os coloca em contato com outras dimensões das linguagens oral e escrita, que serão importantes em seu desenvolvimento. “Eles percebem que a fala do dia-a-dia é diferente daquela usada numa leitura, que tem cadência, ritmo e emoção. Entendem, por exemplo, que há um começo, um clímax e um desfecho”, explica Fraulein Vidigal de Paula, doutora em Psicologia Escolar.

Especialistas acreditam que, para alguém se interessar por livros na vida adulta, é fundamental que a palavra escrita esteja ao seu alcance desde cedo. Ou seja: estimular a leitura dentro do berçário, com bebês que ainda nem aprenderam a falar, pode ser o caminho mais curto para a formação de um futuro leitor. “Manuseando um livro, eles são capazes de identificar a existência da grafia e passam a estabelecer uma relação direta com a linguagem escrita”, afirma Fraulein. Pouco importa se a criança ainda não aprendeu a ler ou se o exemplar em questão é feito de papel, plástico ou tecido. É verdade que leitura para bebês pode assustar até professores. Foi o que descobriu a pedagoga Cláudia Leão, de Santos, no litoral de São Paulo. Em 2002, durante uma reunião com educadoras do berçário onde trabalhava, Cláudia propôs uma atividade de leitura. A ideia foi recebida com espanto e até um pouco de desdém. Mas Cláudia bateu o pé e, da sua teimosia, nasceu o projeto Leitura no Berçário! Por Que Não?. Àquela altura, a pedagoga não fazia ideia do que ainda estava por vir. Cinco anos mais tarde, em 2007, seu trabalho seria amplamente reconhecido e ela receberia um prêmio do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler).

Para despertar a paixão pelos livros nos pequenos da UME Doutor Luiz Lopes, Cláudia usou uma estratégia muito simples: ela criou livros feitos de pano e feltro que têm, em todas as páginas, desenhos de bichos e fotos de cada um dos bebês, lado a lado, como se fossem personagens de uma história. Quando a criança se reconhece, ao virar uma página e encontrar a própria foto, ela se levanta e escolhe outro livro, trazendo-o de volta à roda de leitura para dar continuidade à brincadeira. “Mecanismos desse tipo levam-na a perceber que entre ela e o livro há uma distância mínima”, diz Cláudia. Conforme crescem, tornam-se elas mesmas as contadoras de histórias.