Como definir o valor da mesada?

Fonte: Guia de Boas Práticas em Finanças Pessoais/ Educação Financeira Infantil/ Sebrae previdência

A mesada geralmente constitui a primeira fonte de renda regular das crianças e jovens. É um excelente instrumento para educação financeira. Proporciona experiências, motivação, responsabilidade, conquistas, reflexões e outras oportunidades de aprendizado, inclusive diante de algumas frustrações e limitações. Sendo um instrumento, precisa ter seu uso orientado para que seja bem aproveitada. Não basta colocar dinheiro nas mãos das crianças e esperar que aprendam a fazer o uso correto por si mesmas. Além de dar instrumentos, os pais precisam orientar, acompanhar, avaliar o uso, ajudar a corrigir rumos, tirar proveito das oportunidades para explorar lições de educação financeira relacionadas à realidade e, de preferência, às próprias experiências e expectativas da criança.

Dentre os benefícios de educação financeira que a mesada oferece, podemos destacar: o convívio com limites – o próprio valor da mesada; situações de escolhas – comprar isso ou aquilo; planejamento e autocontrole – esperar a data de receber o dinheiro ou dois ou mais períodos para obter a soma desejada para algum objetivo; desenvolvimento de autoconfiança, independência e autoestima – gestão dos próprios recursos. Com o tempo, crianças que recebem mesada perceberão que se gastarem rapidamente, ou gastarem tudo, se defrontarão com situações em que prefeririam não ter gastado todo o dinheiro antes. Muitas aprenderão a poupar, juntar e até a investir. De maneira geral, a prática do manuseio da mesada ajudará as crianças a vivenciarem situações próximas da realidade da vida financeira dos adultos. A vantagem é que nessa fase os erros são inconsequentes e os benefícios de aprendizagem, ao contrário, trarão boas consequências para a vida toda.

 

Questões importantes com as quais muitos pais se deparam:

Com que idade começar? 

Não existe consenso entre os especialistas, mas a maioria concorda que a partir da alfabetização, geralmente aos seis ou sete anos, a mesada pode ser introduzida, se a criança quiser.

A mesada deve ser mensal?

Mesada é o nome genérico do dinheiro dado com regularidade pelos pais aos filhos, seja ela com frequência semanal, quinzenal ou mensal. Crianças menores geralmente têm dificuldade para lidar com horizontes temporais longos. Isso poderia causar-lhes frustração e ansiedade. O ideal é customizar o intervalo de acordo com a idade.

Como definir o valor da mesada?

Não existe regra adequada a todas situações. O local onde moram, o tamanho da família, a situação financeira, a renda familiar e os hábitos de cada família diferem uns dos outros. Um bom parâmetro pode ser obtido a partir da observação dos hábitos e necessidades da criança durante dois a três meses, antes de iniciar o pagamento da mesada. Outra base pode ser obtida a partir da conversa com pais dos amiguinhos próximos para que a mesada de seu filho fique compatível tanto com a capacidade financeira da família, quanto com os valores da mesada da turminha dele. Nem muito acima, nem muito abaixo – na média seria ótimo! Na dúvida entre dois valores, opte pelo menor, pois a escassez ensina mais do que a abundância. Com o tempo, acompanhe o uso da mesada e as mudanças de hábitos naturais da infância e da adolescência. Periodicamente avalie se o valor está adequado para evitar defasagens.

O valor da mesada deve contemplar o lanche na escola?

No caso de as crianças levarem dinheiro para lanchar na escola, esse deve ser dado e acompanhado separadamente do valor da mesada. Isso para evitar que a criança opte por deixar de se alimentar para fazer uso do dinheiro com outra finalidade.

O valor da mesada deve oscilar de acordo com o desempenho escolar?

Isso é delicado, pois pode estimular uma personalidade mercenária na criança. O desempenho escolar deve ter outras motivações, independente do dinheiro.

As crianças podem receber mesada para arrumar seu quarto?

A mesada, por princípio, não deve exigir contrapartida em atividades. Aí vira salário ou honorário. Arrumar o próprio quarto, cuidar dos próprios bens ou do material escolar são obrigações sociais que podem ou não ser dispensadas, mas não devem ser remuneradas. Assim como para tirar a própria louça da mesa, guardar seus brinquedos, dar banho em seu cachorro ou coisa parecida. Porém, podem ser combinadas regras na família em que as crianças assumam, às vezes, algumas responsabilidades que não sejam naturalmente delas, em troca de pequena remuneração. Mas isso não deve ter relação com a mesada. Também não se trata de educação financeira, tem relação com empreendedorismo, outro tema igualmente importante para a educação financeira infantil.