Adaptação: um exercício de confiança, segurança e desprendimento

A escola é o primeiro contato social que as crianças experimentam. Aquele contato que não é mediado pela figura da mãe, do pai, de um familiar. O social entendido como: “Bom, agora é comigo, deixe-me relacionar com os que me rodeiam”. O social entendido como: “Tenho que repartir afetos e atenção com meus colegas de sala, tenho que esperar minha vez para falar, tenho de compartilhar meus brinquedos com os demais, tenho que saber que as regras que valem para os outros valem para mim! ”.

Há uma língua praticada em casa, no contexto familiar, que entende as intenções comunicativas da criança, e outra na escola, que é a que o mundo fala. Então, pela língua, a criança entende também o valor social, entende seu significado.

Como a escola pode fazer um ritual bem feito? Vamos lá:

 

 

 

  • É importante lembrar que estar adaptado à escola não significa entrar sorrindo todos os dias. Muitas vezes, mesmo chorando, a criança entra na escola, come, vai ao colo dos educadores, dorme…e isto é sinal que está adaptada;
  • É preciso confiar na escola escolhida. Confiança gera segurança, e esses dois sentimentos são percebidos pela criança. Se ela não sente a mãe ou o pai seguros, também não se sentirá;
  • A preparação em casa (sem exageros) é importante. Diga que será uma boa experiência e que você está feliz em proporcionar isso;
  • Ao chegar à escola, prefira ir de mãos dadas. Pé no chão é fundamental para que o ato de crescer seja traçado pelos próprios pés! É simbólico e muito concreto ao mesmo tempo;
  • Olhe nos olhos das pessoas da escola. Não fale de suas angústias na frente da criança. A escola tem a obrigação de acolher você;
  • Durante os dias da adaptação, fale sobre as pessoas da escola, nomeando-as. Ela vai criando uma memória afetiva daqueles que farão parte de seu dia a dia; nunca sai do campo de visão da criança, sem avisá-la. Estamos falando de confiança e segurança;
  • Respeite os horários designados para a adaptação;
  • Converse com outras famílias que estão vivendo o mesmo processo. Compartilhar angústias alivia culpas, penas e sentimentos relacionados à percepção de que nossos filhos e filhas são do mundo;
  • Na hora da despedida, seja rápido e objetivo, dizendo que precisa ir, mas que voltará e que sabe que ele (ela) vai conseguir!;
  • Sabe aquela história de que “as crianças ficam bem depois que os adultos saem”? É a mais pura verdade!
  • E, por último, você tem que lembrar que entrar na escola e se adaptar é o processo inicial do mundo social. É o melhor presente que podemos dar aos nossos filhos e filhas!!

Fonte:
Livro: “NO CHÃO DA ESCOLA: POR UMA INFÂNCIA QUE VOA”
Marcelo Cunha Bueno
Editora Passarinho