Comportamento e Educação por Adriana Pitta*
O ser humano, ao nascer, é totalmente dependente de outra pessoa para sobreviver. No entanto, com o passar dos meses, observamos os primeiros movimentos do bebê em busca de explorar o mundo ao seu redor. Para que isso aconteça é preciso que lhe seja dada autonomia para ir tentando e experimentando.
E o que é autonomia?
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio, autonomia é a faculdade de se governar por si mesmo. Diante desse conceito fica claro que ela deve acontecer na vida da criança de forma processual, ou seja, gradativamente a criança deve ir obtendo autonomia de acordo com sua faixa etária e seu processo de desenvolvimento biopsicossocial.
O processo de estabelecimento de autonomia das crianças frequentemente gera ansiedade nos pais, pois vivemos uma época de muita violência e sempre fica a dúvida de qual a medida certa para a autonomia segura. o melhor caminho para permitir que nossos filhos se tornem autônomos com segurança. Nesse sentido, estou falando da autonomia assistida, aquela em que a criança tem a oportunidade de experienciar situações novas, mas com a supervisão de um adulto.
Para a criança aprender, ela precisa de modelos, por isso não devemos simplesmente dizer: vá e faça, você já consegue. É necessário promover a assistência inicial para que ela se sinta segura. Quando os pais proporcionam essa conquista assistida a seus filhos, estão dando o seguinte recado: você pode! Eu confio em você! E para a autoestima de uma criança esse é o melhor recado.
Mas é importante ressaltar: é necessário tomar cuidado com o que se exige de uma criança. É fundamental que se observe a maturidade dela. Não é raro vermos pais tratando filhos de 7 anos como se eles ainda tivessem 4 anos e vice-versa. Esse descuido pode causar infantilização por impedir que a criança tenha a oportunidade de experimentar e desenvolver atitudes próprias de sua idade, ou promover uma forte crise de baixa autoestima, por ser exigida a fazer algo que ainda não tem condições para fazer.
No processo de conquista da autonomia, a criança irá aprender não só os aspectos de autocuidado, mas também aprenderá que tomar decisões por si mesmo requer que sejam observados valores e regras sociais e que a perspectiva do outro também tem que ser levada em consideração. Num mundo de tanto individualismo não podemos deixar de ensinar desde cedo aos nossos filhos que o outro também tem necessidades, sentimentos e direitos, criando-os, assim, para se tornarem seres humanos sensíveis e responsáveis diante de suas escolhas.
*Adriana Pitta, autora deste texto, é psicóloga do Ensino Fundamental – CRP 15/1131.